Duelo entre Palmeiras e São Paulo reacende debate sobre torcida única em clássicos

Mais do que a busca pelo título, a partida promete ser a faísca para reacender o debate sobre a medida que recomenda clássicos em São Paulo apenas com torcedores do time mandante.

O Mineirão estará dividido entre alviverdes e tricolores, algo que não ocorre na capital paulista desde 2016. Nesse ano, episódios violentos levaram ao veto da presença de visitantes nos jogos entre Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Guarani e Ponte Preta.

Recentemente, líderes das maiores torcidas organizadas de Palmeiras e São Paulo se reuniram na Federação Paulista de Futebol para discutir o esquema de segurança da Supercopa em Minas Gerais. Os cartolas esperam que o jogo seja pacífico, dando um exemplo contra a torcida única, desejo da federação, dos clubes e das organizadas.

No entanto, o Ministério Público paulista, amparado em números, mantém a rigidez da recomendação para clássicos sem visitantes. Em 2018, dados do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar mostraram queda nos índices de violência, mas a promotoria se mantém inflexível, alegando preocupação com deslocamentos e possíveis confrontos.

Não há uma lei estadual que obrigue jogos com torcida única, mas o Ministério Público recomenda à Federação Paulista de Futebol, anualmente, a restrição. A entidade acata para evitar responsabilidades por incidentes. Embora o MP tenha poder apenas de recomendação, o histórico mostra que a federação costuma acatar para prevenir problemas judiciais.

O assunto foi levado à Justiça em 2015, quando o MP recomendou um clássico com torcida única entre Palmeiras e Corinthians. Após idas e vindas, a torcida única tornou-se regra em 2016, mas recentes tentativas de revisão, como o acordo entre São Paulo e Palmeiras para empréstimo de estádios, não avançaram devido a incidentes entre torcidas.

A promotoria paulista, até o momento, não mostra sinais de flexibilização. Em 2022, a justiça aceitou temporariamente bandeiras com mastros nos estádios, mas o Ministério Público recorreu e a ação foi arquivada. O duelo de domingo, além de decidir a Supercopa, pode ser crucial para o futuro dos clássicos paulistas e o debate sobre a presença de visitantes nas arquibancadas.