BRASÍLIA, 2 de outubro — De acordo com interlocutores do governo, o ministro da Defesa José Múcio Monteiro interrompeu suas férias nos Estados Unidos para se reunir com o Comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro Marcelo Damasceno, e posteriormente com o próprio presidente Lula (reunião acontecerá amanhã) para discutir como comprar uma nova aeronave de luxo para substituir o avião presidencial brasileiro.
A ideia, que havia sido considerada e suspensa em agosto do ano passado devido à polêmica sobre o custo de um novo avião para substituir a atual aeronave, adquirida por R$ 167 milhões (cerca de R$ 450 milhões em valores atualizados) e que ainda está na metade de sua vida útil, ressurgiu após o problema enfrentado ontem pelo presidente e sua comitiva, que precisaram sobrevoar o Aeroporto mexicano Felipe Ángeles por 5 horas depois que o avião apresentou uma falha na decolagem, possivelmente causada por uma colisão com um pássaro.
Segundo os dados públicos de voo, após o incidente, o avião presidencial realizou 50 voltas para queimar combustível e reduzir o peso antes de retornar ao aeroporto (procedimento padrão).
A bordo da aeronave estavam o presidente Lula e a primeira-dama Janja, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Cida Gonçalves (Mulheres), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o diretor de Política Monetária do Banco Central – e próximo presidente do BC –, Gabriel Galípolo, as senadoras Soraya Thronicke (UNIÃO-MS) e Teresa Leitão (PT-PE), o fotógrafo oficial da presidência Ricardo Stuckert, o secretário de imprensa, José Chrispiniano, o assessor especial Audo Faleiro, e três auxiliares da Secretaria de Imprensa do governo (SECOM).
Em junho de 2023, no sexto mês de seu terceiro mandato, em reunião com a cúpula da Força Aérea Brasileira, Lula pediu pessoalmente que a FAB apresentasse opções para substituir a sua aeronave presidencial por modelos com mais conforto interno e que pudessem realizar voos mais longos sem escala (a aeronave atual tem um alcance de ~8.500km).
A atual aeronave presidencial brasileira, um Airbus A319CJ que foi apelidado de "AeroLula", foi adquirida – também com muita polêmica – por Lula em seu primeiro mandato em 2005.
Ambos, o presidente e a primeira-dama, já se queixaram do cansaço por conta das paradas em viagens longas.
Pensando no custo, desde o último estudo, o governo estaria procurando por uma aeronave usada, talvez do modelo Airbus A330 na versão executiva/VIP (alcance de 13.300km).
Um avião novo deste modelo pode sair por mais (dependendo, bem mais) de US$ 250 milhões (R$ 1,23 bilhão). Um modelo usado da aeronave pode custar cerca de US$ 40~50 milhões (R$ 200~240 milhões), por baixo.
Em agosto do ano passado, o governo já havia escolhido uma aeronave como possível substituta, após procurar no mercado de jatos VIP, frequentemente renovados pelos Sheikhs/xeques árabes.
O mercado de aeronaves VIPs usadas do Oriente Médio conta com vários modelos já configurados com com suítes, escritórios, sala de reuniões e muito conforto.
Uma reformulação de uma das duas aeronaves A330-200 da FAB que foram adquiridas em 2022 da companhia AZUL para serem convertidas em veículos de abastecimento aéreo (tankers) chegou a ser cogitada pelo governo (ainda não foram convertidas), porém a ideia foi abandonada por conta do custo alto para a reformulação do interior (configuração VIP).
Antes, durante o governo Dilma (processo iniciado no governo Lula), o Brasil já havia tentado comprar outra aeronave, porém teve que desistir da ideia.
Durante o governo Temer, chegou-se a cogitar a possibilidade da aquisição de um Boeing 767-300 que estava sendo alugado pela presidência, porém a ideia foi enterrada porque o interior da aeronave não seria adequado (conforto).
Consumo da aeronave: Caso o governo escolha o modelo A330, o consumo médio de voo do governo (isso varia de acordo com o padrão do voo) passará de ~2.800kg de combustível por hora para ~5.500kg).
De acordo com a Folha, o jornal mais alinhado ao público do presidente no Brasil, em agosto do ano passado, Lula teria sinalizado que estaria disposto a enfrentar o desgaste político dessa compra.
(Matéria em atualização)
O Apolo Brasil